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Ideal Axadrezado #016 - Até ao Fim! Invasão a Arouca.

Ideal Axadrezado #016 - Até ao Fim! Invasão a Arouca.
O mote está dado. Todos a Arouca!

A derrota no dérbi coloca-nos no último lugar, mas ainda respiramos

O futebol pode ser cruel. Não há outra forma de descrever o que sentimos após a derrota no dérbi da Invicta. Com o Bessa transformado repleto de adeptos, lutámos, demos tudo, marcámos, e mesmo com o adversário reduzido a dez elementos, não conseguimos evitar a derrota por 1-2. E, com os resultados das outras partidas, caímos para o último lugar da tabela, a três pontos de AFS e Farense visto que ambos tiveram vitórias inesperadas, quando resta apenas uma jornada para o final do campeonato.

Se há uma semana, após a reviravolta na vila das Aves, vivíamos um momento mais esprançoso, hoje a realidade é mais dura. As nossas hipóteses de permanência diminuíram drasticamente, mas enquanto matematicamente for possível, não vamos desistir.

Primeira parte: O talento individual fez a diferença

A entrada em campo do FC Porto mostrou rapidamente que os dragões não vinham para facilitar. Jogando de forma fluida, explorando especialmente os flancos, os portistas criaram algumas oportunidades nos primeiros minutos, enquanto nós procurávamos organizar-nos defensivamente.

Foi precisamente através do talento individual que surgiu o primeiro golo do jogo. Aos 20 minutos num lance de inspiração, o jogador azul e branco atirou colocado ao ângulo superior da baliza de Vaclík.

O golpe foi duro e, antes que pudéssemos reagir, o marcador agravou-se. Apenas cinco minutos depois, na sequência de um canto, e após alguma confusão na nossa área, a bola acabou por entrar após um remate de que desvia num colega de equipa. Dois golos de desvantagem em 25 minutos, um cenário tremendamente adverso para uma equipa que luta desesperadamente pela sobrevivência.

Mas o futebol tem destas coisas. Quando tudo parecia encaminhar-se para uma goleada, surge um raio de esperança. Num lance fortuito, o defesa adversário tocou com a mão na bola dentro da área após um alívio de um companheiro. Reisinho, com a frieza que o caracteriza, não desperdiçou a oportunidade a partir da marca dos onze metros, reduzindo para 1-2 ainda antes do intervalo.

Segunda parte: Procurámos, mas faltou eficácia

Regressámos dos balneários com outra atitude. Mais intensos, mais agressivos e com a determinação de quem sabe que está a lutar pela vida. A nossa pressão aumentou e conseguimos chegar com mais frequência à área contrária, embora sem criar grandes ocasiões de golo.

O FC Porto, por seu lado, mostrou-se confortável numa postura mais defensiva, apostando nas transições rápidas que fizeram tremer a nossa defesa em alguns momentos. Vaclík, mais uma vez, mostrou-se decisivo, negando especialmente a Samu o que seria o terceiro golo portista.

A expulsão de Nehuén Pérez aos 82 minutos trouxe-nos novo alento. Com um homem a mais e ainda quase dez minutos para jogar, acreditámos que seria possível chegar ao empate. Mas, apesar da superioridade numérica e do apoio incansável dos nossos adeptos que nunca deixaram de apoiar, não conseguimos concretizar nas ocasiões que tivemos para alterar o marcador.

O apito final trouxe consigo a dura realidade: mais uma derrota numa altura em que cada ponto vale ouro. E, para piorar, os resultados dos nossos rivais diretos empurraram-nos para o último lugar da tabela.

Figuras de uma noite amarga

Se há algo positivo a retirar desta noite, é a nova exibição de grande nível de Tomáš Vaclík. O guarda-redes checo voltou a mostrar-se seguro entre os postes e evitou um resultado mais desnivelado com intervenções de grande qualidade, especialmente na segunda parte.

O futuro: Uma última cartada em Arouca

A derrota no dérbi, conjugada com os resultados dos nossos rivais, deixa-nos numa situação extremamente delicada. A três pontos do AFS e do Farense, precisamos agora de uma vitória na última jornada frente ao Arouca e esperar que ambos os nossos adversários directos percam os seus jogos.

O cenário é difícil, mas não impossível. O AFS recebe o Moreirense, enquanto o Farense recebe o Santa Clara, também envolvido na luta pelo 5º posto.

Para lá da necessidade de vencer em Arouca, dependemos dos resultados destes dois jogos. Pela primeira vez nesta temporada, não temos o destino exclusivamente nas nossas mãos. Precisamos de vencer e torcer por tropeções dos adversários.

A Mensagem de Baxter: "Ignorar o medo e concentrar-se"

Apesar da situação complicada, o nosso treinador Stuart Baxter mantém o discurso de esperança. Na conferência pós-jogo, afirmou que "temos de ignorar o medo e concentrar-nos no que podemos controlar". Uma mensagem clara para os jogadores e para os adeptos: enquanto matematicamente for possível, vamos lutar.

E é esta a mensagem que deixamos também para todos os boavisteiros: a esperança só morre no último apito. Apesar de todas as adversidades, apesar de todos os resultados negativos, apesar de estarmos agora no último lugar, ainda temos uma última cartada para jogar. E vamos jogá-la com tudo o que temos, com a dignidade e a coragem que caracterizam o nosso clube.

A viagem a Arouca será a nossa "final das finais" desta época. A nossa última oportunidade de manter vivo o sonho da permanência. E, como sempre, precisamos do apoio incondicional de todos vós, espera-se uma invasão de cerca de 1500 adeptos, apesar de todas as dificuldades sentidas nos últimos anos. Porque ser do Boavista é ter uma paixão que, mesmo nos momentos mais difíceis, nunca se apaga.

Até ao fim, sempre!

Nota: Tendo em conta o momento actual, decidi não abordar outros tópicos references à actualidade do universo axadrezado nesta edição, porque a altura é de união e de apoio incondicional na instituição Boavista FC. Porém, após o término da competição profissional de futebol senior masculino, está na altura de apurar responsabilidades de todos aqueles que nos deixaram nesta situação. Todos a Arouca!


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